segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Balanço equipa a equipa

Liberty Seguros
O festival da etapa da Torre marcou esta edição da Volta a Portugal. Num golpe táctico arrojado, Américo Silva arrumou com quase toda a concorrência. Falta saber se fez bem. Quando os homens da Liberty Seguros resolveram desfazer o pelotão tinham a Volta praticamente ganha, por intermédio de Rui Sousa, que seguia na frente com uma vantagem de 7m30s. A iniciativa dos corredores da Liberty desfez as esperanças de praticamente todo o pelotão, mas foi o mote para a arrancada de David Blanco que soube posicionar-se como o principal candidato ao triunfo final. A favor do bloco de Américo Silva pesa o facto de dispor de três corredores com capaciade de lutarem pela vitória - Rui Sousa, Héctor Guerra e Koldo Gil -, o que lhe dá armas tácticas para derrotar Blanco.

Palmeiras Resort-Tavira
Dispõe do mais sério favorito neste momento. Mas só mesmo Blanco pode dar uma alegria à equipa mais antiga do pelotão europeu. Ricardo Mestre e Nelson Vitorino não estiveram bem na serra da Estrela e agora não são peças que possam combater investidas dos homens da Liberty, numa luta taco a taco. Resta aos algarvios controlarema partir do pelotão as previsíveis ofensivas dos ciclistas às ordens de Américo Silva. Se conseguirem deixar a classificação mais ou menos como está agora até ao contra-relógio, podem conquistar o mais saboroso sucesso da história do clube. Martin Garrido ainda pode dar uma alegria intermédia num sprint, já que, pelo escalonamento feito por Vidal Fitas sem ter o factor vento em devida conta, o argentino não pôde repetir a vitória no prólogo.

Benfica
Conseguiu aquilo de que poucas equipas portguesas podem orgulhar-se numa Volta a Portugal - sobretudo nos anos mais recentes - um triunfo de etapa e alguns dias com a camisola amarela. Acontece que o emblema que transportam no peito obriga os ciclistas encarnados a quererem mais. Só a vitória na Volta a Portugal pode dar alguma cor a um vermelho que tem estado desbotado desde do começo do projecto. E essa vitória parece cada vez mais uma miragem. A serra da Estrela derreteu José Azevedo e Cândido Barbosa, deixando Rubén Plaza em muito má posição. Não parece possível que os benfiquistas, por intermédio de Plaza, possam almejar mais do que o pódio. Cândido Barbosa no sprint e José Azevedo numa iniciativa briosa são opções a ter em conta para vittórias em etapas.

Scott-American Beef
Após o escândalo no Tour e o "desconvite" para a Vuelta, esperava-se que os espanhóis abordassem a Volta a Portugal com intenções de brilhar. Assim tem acontecido. Mas das intenções à sua concretização vai uma distância bem grande que ainda não foi cumprida. Gomez Marchante e Juan José Cobo bem se têm esforçado. Até ver, sem sucesso.

Fercase-Rota dos Móveis
A equipa nortenha é uma das grandes desilusões da primeira metade da edição 70 da Volta a Portugal. Colectivo talhado para a montanha, esperava-se um festival dos homens de Mário Rocha na etapa da Torre. No entanto, os trunfos dos paredenses não corresponderam às expectativas. Tido como melhor trepador do pelotão nacional, Eladio Jiménez esteve completamente apagado. Já Francisco Mancebo limitou-se a lutar para seguir na roda do grupo do camisola amarela, que não estava propriamente perto dos lugares cimeiros na escalada. A luta pelas etapas duras que aí vêm é a bóía de salvação para uma participação aquém do desejável.

Garmin-Chipotle
Os estadunidenses têm mostrado qualidade nas estradas portuguesas, apagando a má imagem deixada na edição transacta da Volta. Donos da camisola da juventude desde o primeiro dia - Cozza cedeu a liderança a Daniel Martin, na Torre -, não prescindem de se intrometerem nos sprints e nas fugas.

Barbot-Siper
Um dos colectivos nacionais que melhor se apresentou. O chefe-de-fila, David Bernabéu, claudicou na tirada da serra da Estrela, mas o velocista Francisco Pacheco está sempre com os melhores nas chegadas em pelotão, tendo já uma vitória, e enverga a camisola dos pontos. Por enquanto, o balanço é positivo para o conjunto de Carlos Pereira e poderá ainda melhorar se Pacheco segurar a camisola branca e se voltar a "molhar a sopa".

CC Loulé
O colectivo mais modesto do pelotão nacional tem feito aquilo que se espera de uma equipa sem grandes nomes mas com muita vontade de brilhar: participa em fugas e mostra as camisolas, provando que um patrocinador que ali tivesse colocado a sua insígnia já estaria a capitalizar o investimento. Santi Pérez está nos dez mais e ainda não perdeu as opções de chegar ao pódio. Nuno Marta e Pedro Soeiro prosseguirão à espreita de uma oportunidade numa chegada ao sprint.

Madeinox-Boavista
A Volta não está a correr bem à equipa do Bessa. O líder dos axadrezados, Tiago Machado, começou a corrida atrasando-se numa queda e não resistiu à dureza da ascensão à Torre, perdendo as opções de vitória e tendo ainda muito que batalhar se quiser vir a envergar a camisola que, à partida parecia-lhe destinada, a laranja da juventude. O sprinter da equipa, Bruno Lima, ainda não recuperou a forma depois de sofrer uma mononucleose que lhe arruinou a temporada, não conseguindo, por isso, mostrar-se entre os mais velozes da caravana. Vai valendo a combatividade de Sérgio Sousa, Luís Pinheiro e Jacek Morajko para que a Madeinox-Boavistã não passe despercebida, integrando as fugas.

Extremadura-Ciclismo Solidario
Combativos mas sem grande qualidade, estes espanhóis nunca se dão por vencidos, mas acabam por sê-lo pela superioridade dos adversários. Presença constante nas fugas, mas sem capacidade para altos voos. A conquista da camisola da montanha durante três dias foi já um sucesso.

Agritubel
Os franceses sabem que não dispõem de recursos humanos para tentar a vitória na Volta. Resta-lhes mostrar a camisola. Têm-no feito, tendo lugar cativo nas iniciativas atacantes que vão animando as etapas.

Contentpolis-Murcia
Longe da glória e pouco activos na simples tarefa de mostrar a camisola. Até ao momento, estão em Portugal apenas para fazer número.

Barloworld
Um ano aziago para esta equipa que tem continuidade na Volta a Portugal. Um dos colectivos de quem muito se espera, quanto mais não seja pela tradição de brilhar em estradas lusas, mas que tem andado arredado dos postos cimeiros. Um segundo lugar numa etapa por parte de Enrico Gasparotto foi o melhor que os britânicos tiveram para nos oferecer nos primeiros dias de prova.

Ceramica Flaminia-Bossini Docce
O que se disse da Contentpolis-Murcia aplica-se também ao colectivo de Ricardo Martins. Prestação sofrível até ao dia de descanso.

Cofidis
Estão a cumprir as expectativas: usam a Volta a Portugal para rodar unidades pouco experientes, pelo que o seu contributo para o espectáculo tem sido nulo.

Lampre
Um colectivo que veio a Portugal com apenas um ciclista em condições de brilhar: Danilo Napolitano. Reduzidos à capacidade de explosão do siciliano nas chegadas em grupo, os homens da Lampre souberam trabalhar para proporcionar as condições necessárias para que o seu homem mais veloz exercesse sua função de conquistador de etapas. Este fê-lo em duas ocasiões em três possíveis. Balanço muito positivo.

Karpin Galicia
Têm estado por cá?

José Carlos Gomes

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