terça-feira, 19 de agosto de 2008

De Pacheco para Bruno Neves


Francisco Pacheco (Barbot-Siper) venceu hoje a quinta etapa da Volta a Portugal, reforçando a sua vantagem na classificação por pontos. Pacheco foi o mais rápido num muito disputado sprint, em São João da Madeira, local que voltou a brindar a caravana velocipédica com um entusiástico banho de multidão. Numa etapa sem movimentações dos homens mais bem classificados na geral individual, Rui Sousa (Liberty Seguros) não teve dificuldades para manter a camisola amarela.

O dia de descanso não alterou a toada no pelotão. Após uma rapidíssima etapa no domingo, foi com a mesma disposição que os corredores regressaram hoje à competição, acabando por cumprir os 186 quilómetros que uniram Gouveia à capital da chapelaria em 4h30m16s, à méida de 41,3 km/h.

Tal como na anterior tirada, todas as primeiras tentativas de fuga foram condenadas ao fracasso pela elevadíssima velocidade do pelotão. Só ao quilómetro 69 é que um trio conseguiu distanciar-se do pelotão. Os ciclistas que lograram escapar-se foram Jacek Morajko (Madeinox-Boavista), Hugo Sabido (Barloworld) e Javier Extxarri (Contentpolis-Murcia). Numa sempre incómoda posição intermédia colocou-se Sergio Herrero (Extremadura-Ciclismo Solidario), que nunca chegou aos da frente e que, ao fim de algumas dezenas de quilómetros, foi recolhido pelo grande grupo.

A perseguição fez-se mercê da aliança de interesses entre a Liberty Seguros e a Barbot-Siper. A equipa de Américo Silva tinha a obrigação de defender a liderança de Rui Sousa e, uma chegada ao sprint, poderia ser uma oportunidade para uma vitória parcial de Manuel Cardoso. O colectivo de Carlos Pereira, por sua vez, tinha em mente proporcionar a Francisco Pacheco mais uma oportunidade para erguer os braços.

Com esta configuração da corrida, a vantagem dos três escapados aproximou-se dos 7 minutos, quando o final da jornada estava a cerca de 80 quilómetros. No entanto, com o passar dos quilómetros, o pelotão aumentou a velocidade e a diferença foi caindo. O acordo foi, todavia, mais ao jeito da Liberty Seguros, dado que a maior dose de trabalho foi executado pelos corredores da Barbot-Siper, pertante uma clara gestão de esforço dos companheiros de equipa de Rui Sousa.

Já dentro dos últimos 20 quilómetros foi a vez de o Benfica assomar ao comando da coluna, numa tentativa de levar Cândido Barbosa à sua centésima vitória na carreira e primeira em 2008. Os benfiquistas queriam eliminar os sprinters que sobem pior para facilitar a vida a Barbosa. Danilo Napolitano foi o único a ceder, numa subida em que houve algumas escaramuças, entre as quais da de Juan José Cobo (Scott-American Beef).

A descida para a meta foi percorrida a uma velocidade supersónica e com muita tensão à mistura. As duas rotundas colocadas dentro do quilómetro final e os respectivos estreitamentos de estrada foram fatais para as pretensões de Cândido Barbosa, que, por duas vezes, acabou por ver a sua trajetória fechada. Melhor esteve Francisco Pacheco. Em mais uma arrancada imbatível, o espanhol da Barbot-Siper sprintou para a glória. Na segunda posição colocou-se Tyler Farrar (Garmin-Chipotle), com Enrico Gasparotto a ser o terceiro.

Ao cortar o risco, Francisco Pacheco apontou para o céu, dedicando este sucesso ao malogrado Bruno Neves, natural de Nogueira do Cravo, localidade das imediações de São João da Madeira.

Ao alcançar a sua terceira vitória em etapas da Volta a Portugal - contando com a conseguida na edição de 2007, em Castelo Branco - Francisco Pacheco afirmou-se como o quarto ciclista a triunfar no mais pequeno (em área) concelho de Portugal, um município que conta apenas com uma freguesia. Os anteriores vencedores em São João da Madeira foram Cândido Barbosa (2003 e 2007), Bruno Neves (2005) e Carlos Nozal (2006).

José Carlos Gomes com Armando Santiago
Foto: PAD/JLS

Sem comentários: