sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Cândido Barbosa ganha com sprint duvidoso

Cândido Barbosa (Benfica) venceu hoje a oitava etapa da Volta a Portugal, batendo, num apertado sprint, Francisco Pacheco (Barbot-Siper), na chegada a Fafe, cumpridos os 169,8 quilómetros, com partida de Barcelos. Depois de ter sido lançado por Rubén Plaza - que ainda conseguiu o terceiro lugar -, o “Foguete” de Rebordosa só teve de atirar-se para o triunfo nos derradeiros metros. Fê-lo de uma forma pouco ortodoxa, mudando ligeiramente a trajectória, mas o júri entendeu não ser o suficiente para configurar sprint irregular.

Esta foi a mais espectacular etapa desta edição da Volta. Houve de tudo, ataques na luta pela camisola da montanha, movimentações de corredores com intuito de trabalhar a luta pela classificação geral e um sprint emotivo, em que não faltaram dúvidas quanto à regularidade da disputa pelo triunfo na etapa. Aliás, o "transponder" ia fazendo justiça pelos seus próprios meios, já que, a despeito de Cãndido ter sido o primeiro a cruzar a meta, o aparelho colocado nas bicicletas deu o triunfo a Pacheco, algo corrigido pelo recurso ao photo-finish.

A camisola amarela continua na posse de Rui Sousa (Liberty Seguros), que mantém 41 segundos de vantagem sobre David Blanco (Palmeiras Resort-Tavira). Quem se aproximou da frente foi Héctor Guerra (Liberty Seguros), que aproveitou o corte de quatro segundos entre os primeiros cinco da etapa e o grupo seguinte para se aproximar mais um pouco de Blanco.

O pelotão hoje não bloqueou a corrida desde o começo, pelo que a velocidade foi menor. Já a facilidade com que se formou o grupo de fugitivos do dia foi bastante maior do que nas jornadas anteriores. A consequência foi a criação de um minipelotão de 23 ciclistas em cabeça de corrida. Estavam representadas quase todas as equipas, pelo que havia diversos e distintos interesses em jogo.

Daquele grande grupo de fugitivos destacaram-se três elementos cujo fito ficou bem claro: lutar pela classificação da montanha. Os homens que se atiraram a essa empretitada foram Sérgio Sousa (Madeinox-Boavista), Hélder Oliveira (Barbot-Siper) e Oleg Chuzhda (Contentpolis-Murcia).

A primeira metade da corrida ficou ainda marcada pela movimentação das peças no xadrez da luta pela vitória na Volta. Foi nessa altura, à passagem do quilómetro 59, que a Liberty Seguros lançou uma ofensiva sem precedentes. Nuno Ribeiro e Vítor Rodrigues saltaram do pelotão, enquanto os colegas Manuel Cardoso e Filipe Cardoso descaíam do maior grupo de fugitivos para esparar pelos dois companheiros. O quarteto rapidamente alançou os 18 escapados que seguiam em posição intermédia, passando a ocupar as posições da frente nesse grupo, em perseguição ao trio que seguia mais adiantado na luta pela montanha.

Enquanto isso, no pelotão eram as eequipas do Palmeiras Resort-Tavira e do Benfica que faziam o trabalho todo, um esforço pelo qual, certamente, acabarão por pagar a factura na duríssima etapa de amanhã. Estes dois colectivos, aliás, ordenaram que Mikel Pradera (Benfica) e Alejandro Marque (Tavira), que estavam fugidos, esperassem pelo pelotão, para aumentartam a mão-de-obra disponível para o labor em prol da perseguição.

Na frente, depois de cruzarem isolados as primeiras três contagens de montanha do dia - aquelas que estavam mais próximas umas das outras -, os três ciclistas que seguiam adiantados foram alcançados pelo grupo comandado pelo quarteto da Libety Seguros, opção correcta do trio, já que assim poupavam energias, conseguindo quem os guiasse à contagem de montanha seguinte, colocada 40 quilómetros adiante.

O pelotão sempre levado pelos benfiquistas e pelos tavirenses ia ganhando terreno, fazendo a diferença para a frente da corrida cair para cerca de um minuto, numa altura em que as forças da Liberty na dianteira começavam a escassear, com Manuel Cardoso e Filipe Cardoso a descolarem. Na perseguição, a Palmeiras Resort-Tavira impunha um ritmo constante, de modo a manter Nuno Ribeiro à distância, mas sem o alcançar. Dessa forma, Ribeiro e Rodrigues continuavam a desgastar-se, o que não sucederia se fossem abosrvidos de imediato. Quando o vencedor da etapa de ontem ficou sozinho depois de Vítor Rodrigues ter ficado para trás, acabou por encontrar apoio nos corredores da Contentpolis-Murcia, o que permitiu aumentar a diferença face ao pelotão para mais de dois minutos.

A persistência de Ribeiro acabou por dificultar a tarefa aos perseguidores. Os tavirenses recuaram durante alguns quilómetros, passando a bola ao Benfica, o que fazia todo o sentido naquela situação de corrida, pois Nuno Ribeiro punha em causa a posição de Rubén Plaza, ao passo que o seu atraso para David Blanco não era de molde a preocupar Vidal Fitas. Além de que Orlando Rodrigues contava com Cândido Barbosa para poder disputar um possível sprint.

À primeira passagem pela meta, José Mendes (Benfica), ciclista minhoto e a correr perto de casa teve a motivação para desferir um ataque, isolando-se dos companheiros de fuga. Foi sol de pouca dura e pouco depois teve a companhia de mais quatro corredores. Um deles pouco tempo viajou em quinteto, escapando em seguida. Era ele Angel Gomez Marchante (Scott-American Beef). A ele juntaram-se ainda Arkaitz Duran (Scott-American Beef) e Adrian Palomares (Contentpolis-Murcia).

Quando Nuno Ribeiro estava para ser alcançado pelo pelotão, o seu colega Isidro Nozal atacou e juntou-se-lhe, prolongando o esforço dos perseguidores. Nesta altura já era a Palmeiras Resort-Tavira que estava de novo na cabeça do pelotão, posição em que alternou de novo com o Benfica, uma vez que a formação encarnada via na etapa de hoje uma excelente oportunidade de lançar Cândido Barbosa para a sua 101ª vitória da carreira e quarta em Fafe.

Junção feita e novo ataque. Desta feita foi Felix Cardenas (Barloworld) a tentar a sua sorte. A locomotiva do Benfica não deu veleidades e Cardenas subiu a bordo do pelotão à entrada do quilómetro final. Aí foi o Benfica que continuou a acelerar, acabando por levar Cândido Barbosa "ao colo" até ao triunfo, apesar de David Bernabéu (barbot-Siper) ainda ter tentado surpreender.

José Carlos Gomes

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