segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Editorial da edição 27


As últimas semanas colocaram Joaquim Gomes e a sua equipa de trabalho num papel ingrato. Como organizador da Volta a Portugal, cabia a Joaquim Gomes a palavra final quanto ao convite ou à exclusão da LA-MSS. Qualquer que fosse a decisão seria ferozmente criticado. Seria sempre preso por ter cão e preso por não ter.

A situação era tanto mais delicada quanto em anos anteriores a PAD/João Lagos Sports assobiou para o lado e permitiu a participação na Volta de equipas fortemente conotadas com a Operação Puerto. Em 2006, foi mesmo um ciclista de uma das equipas mais visadas no caso do país vizinho a vencer a corrida. Em 2007, a Relax-Gam apresentou-se com as suas unidades mais polémicas, que seriam rejeitadas semanas depois pela Vuelta, e Joaquim Gomes e a empresa que representa fizeram de conta que não era nada com eles.

Agora que, há quase 3 meses, está em curso a Operação Puerto à portuguesa, Joaquim Gomes tinha de decidir se o critério seguido seria o mesmo dos anos anteriores ou se seria diferente, impedindo a participação da equipa visada na investigação policial. Olhando ao estado actual do ciclismo – que, na verdade, nem difere por aí além daquele que se verificava há um ano -, a opção foi pela mudança de critérios. Foi uma boa escolha. Os erros do passado podem – e devem! – ser corrigidos.

Sabia-se que torpes acusações e insinuações sobre os motivos da exclusão viriam a lume. Não se esperava é que o até agora silencioso Manuel Zeferino embarcasse, em público, na teoria da conspiração e na acusação de que a PAD pretendia favorecer o Benfica, equipa com o mesmo patrão que a organizadora da corrida maior do nosso calendário. A verdade é que o descaramento não tem limites. O silencioso Zeferino, que não mexeu uma palha para defender na praça pública a equipa e os seus corredores, afinal tem voz e usa-a para dar corda à patética teoria da conspiração.

Pensando racionalmente, que motivos havia para que a organização da Volta convidasse a LA-MSS? Se a própria equipa nunca se defendeu publicamente das acusações de que foi alvo pela PJ – sim, quem acusou foi a PJ, em conferência de imprensa, não foi um qualquer zé dos anzóis – devia ser a PAD a fazer essa defesa, através de um convite? Quando o principal patrocinador e presidente do clube poveiro, Luís Almeida, se demitiu do cargo, o que permite adivinhar que perdeu a confiança no projecto, por que haveria de ser Joaquim Gomes a confiar?

Mais: quando em todo o Mundo as organizações decidem que equipas querem ter nas suas provas que imposição divina iria impor a Joaquim Gomes a LA-MSS?

Não brinquemos com coisas sérias. Se a equipa poveira estivesse na Volta, a corrida seria quase reduzida à polémica. Diariamente a imprensa iria recordar o caso policial em curso e as atenções seriam desviadas do essencial: o plano desportivo. E isso seria gravíssimo para o futuro da prova e do futuro da Volta depende o porvir do ciclismo em Portugal.

O amanhã do nosso ciclismo não depende da existência ou não da LA-MSS, depende de a Volta continuar a dar lucro suficiente para cobrir as despesas com as outras corridas que a PAD promove e para pagar à Federação pela concessão da Volta. É que esse dinheiro é essencial para ajudar as camadas jovens e para pôr as selecções em marcha. E isso faz muito mais pelo ciclismo português do que qualquer exibição fantástica que coloque três corredores de uma equipa nos primeiros três lugares de qualquer corrida.

Joaquim Gomes tomou uma boa decisão, que acautela o futuro da modalidade. Mesmo que possa colocar em risco o destino de uma equipa.

José Carlos Gomes

15 comentários:

obichovaitecomer disse...

Sr. José Carlos Gomes
Não tenho o prazer de o conhecer...mas a julgar pelas suas brilhantes intrepetações da lei acho que o rocurador da republica deve querer telo a seu lado...qual Maria José Morgado...tenha vergonha na cara...de ciclismo e de ciclistas nada percebe

Delfim Fonseca

obichovaitecomer disse...

As falhas de letras é do uso do pc; as minhas desculpas

Anónimo disse...

Meus amigos só tenho uma coisa a dizer então e as duas equipas que ainda este ano tiveram envolvidos em casos de doping na volta a França
Estão aqui na volta porquê ?????

A LA-MSS NÃO porquê ?????

Abraços e boas pedaladas

Anónimo disse...

José Carlos Gomes?
quem e esta senhor?
será que ele sabe o que e ciclismo?
quantos ciclista da LA acusaram positivo?
quem foi a equipa mais controlada esta época ate aqui?
na LA trabalha se muito o resto funciona como em todas as outras equipas deixem se de merdas toda gente sabe como funciona.

Anónimo disse...

Senhor Fonseca,

Não vejo onde conseguiu vislumbrar qualquer interpretação da lei feita por mim. Eu fiz foi uma interpretação de comportamentos, tanto do comportamento do Joaquim Gomes e da sua empresa como do Manuel Zeferino. A partir daí tirei as minhas conclusões e o senhor é livre de tirar as suas.

Agradeço a sugestão, mas não me apetece muito trabalhar na Procuradoria-Geral da República.

José Carlos Gomes

Anónimo disse...

É evidente que aqui e ali podem haver factos (e há) que colocam em causa a coerência de comportamento/tomada de decisão (ões) de Instituições e Organizações…mas os contextos também são diferentes, muitas vezes cometem-se erros que não se deviam cometer. Também considero e estou grosso modo de acordo com a análise de José Carlos Gomes.
Dá-me vontade de rir quando o Sr. Fonseca diz “de ciclismo e de ciclistas nada percebe”, apetece-me trocar algumas expressões desta citação que julgo estarem mais dentro do espírito do Sr. Fonseca…
Em certa medida no nosso pais o “mal” do ciclismo é haver algumas pessoas que após fazerem a sua carreira como ciclistas, sentiram a necessidade de estar ligadas ao ciclismo de alguma forma e por algum motivo, o problema é que estão nos sítios onde não deviam de estar e dessa forma rapidamente atingiram desde muito cedo aquilo que Peter denomina de "nível de incompetência" – o grau a partir do qual as pessoas não têm competência para a posição que ocupam…. É quase o mesmo que dizer que uma pessoa que viaja constantemente de avião ao fim de uns anos com tantas horas de voo possa pensar que pode pilotar o avião…
Na minha opinião, o Doping existe e vai continuar a existir, no entanto deve ser e é desejável que seja fortemente combatido…que os responsáveis a todos os níveis implicados em casos e práticas de doping sejam fortemente punidos.
Pena é, que não tenhamos actualmente entre outros recursos, leis mais claras, objectivas e capazes de dissuadir comportamentos e também que o controlo anti-doping seja tão caro de fazes, seja tão poucas vezes realizado a tão poucos ciclistas, quer nas competições profissionais quer nas amadoras competições (escalão onde na minha opinião devia ser feito um forte acompanhamento…)
Parabéns pelo blog.
Anónimo X

Anónimo disse...

A diferencia é que Saunier Duval expulsó dois ciclistas e tambem ho fizo Barloworld. Mais quem ciclista, médico o responsavel foi despedido da LA?

E nao me digan que nao ha positivos porque todos sabem que nas pesquisas da PJ dois ciclistas foran descubiertos...

Anónimo disse...

Eu só acho que se é assim grave como dizem,porque não divulgam as razões e acabam com este "caso".
Porque é que equipas com casos de doping são convidadas?
Os critérios não são os mesmos =!
A volta não será a mesma sem a LA-MSS!
Isto que se está a passar é vergonhoso,o silêncio da FPC,CNAD e PJ.
O silêncio que dizem da parte da LA-MSS é normal pois eles não sabem de que são acusados...Tristeza meus senhores!

Anónimo disse...

Só um filósofo (cretino) perdido na emancipação que este País vive é que pode ter esta diarreia proveniente do cérebro...
Todos comem hidratos de carbono, barras de cereais, isostar ou sais minerais. Só que uns são apanhados (BENFICA) e outros são vitoriosa e constantemente limpos, SEMPRE.
José Carlos Gomes, experimente colocar segundas filas na Volta e veja as consequências que isso vai trazer para o próximo ano.
E as camadas jovens não recebem um Tostão da organização da Volta. Estas são apoiadas pelas Autarquias que nos respectivos concelhos procuram apoios junto dos Empresários locais.
Ah! Se existem irregularidades porquê que não se colocam a nu!!!
E você deve pertencer a algum Jornal Desportivo, pois queria que os Membros do PCC emitissem comunicados e se defendessem na Praça Pública para que pudessem vender mais umas páginas, não???

Anónimo disse...

Tinha que ser o Zequinha a escrever isto.

Anónimo disse...

uma volta sem a LA vai ser uma volta sem patrão como foi o prémio de torres felizmente ainda deu para ser um português a ganhar parabéns ao Tiago mas na volta vamos ver.

obichovaitecomer disse...

Caros amigos:
até prova em contrario, todos os suspeitos são inocentes.
Se a FPC , O CNAD , ou a PJ tem alguma acusação contra a LA/MSS porque não divulgaram já ?
Quanto aos comentarios e opiniões naturalmente que todos temos direito a elas...o que custa é ver sempre os mesmos a serem condenados sem sequer lhes dar o beneficio da dúvida, quando ne sequer´há acusação... Os escribas deste país ...e de cereteza que sabem de quem falo, nunca se viu levamtarem a voz quando o actual presidente da FPC deixou acabar o Grande Premio do Minho, ou entregou aos amigos a organização da Volta... e mais não digo

Anónimo disse...

Estas são as palavras de um dos melhores ciclistas de sempre, no vosso jornal, José Azevedo "Lamento, sobretudo, que qualquer ciclista, independentemente da equipa que representa, seja impedido de exercer a sua profissão com base na suspeição."

Anónimo disse...

Meu caro Marcos... proponho-lhe um jogo: se o presidente da FPC for a conduzir o seu veiculo e numa operação stop a brigada detectar que ele traz na mala duas grades de cerveja e algumas garrafas de champagne, deve retirar-lhe imediatamente a carta, pois estando em posse de bebidas alcoólicas faz dele um potencial alcoólico, certo (primeira suapeita)?! E se com ele for o senhor João lagos e o senhor Orlando Rodrigues, podem ser detidos por associação criminosa(segunda suspeita?! Tenham dó...só em portugal se condena com base em suspeitas...

Anónimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado